quarta-feira, 28 de maio de 2008

PRODUÇÃO DE TEXTO NA SALA DE AULA

Nas minha prática como professor formador de professores em que busco entrelaçar as disciplinas da Área de Linguagens e Códigos, principalmente a Língua Portuguesa e a Arte, costumo colocá-los para ler imagens (leitura semiótica), o que ela mostra e como ela mostra, atribuir-lhe um significado, estabelecer uma relação de produção de sentido.

Observamos as imagens e os textos audiovisuais nos mais diferentes suportes. Procuro sempre passar um conceito amplo de leitura. Penso que tudo que nos cerca pode ser considerado um texto: as pessoas, os acontecimentos, os objetos, as imagens, as obras de arte, a igreja, o filme, a natureza, etc. Devemos ver tudo como se quisesse nos dizer algo. É como diz Bakhtin (1997) “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, por algum texto.”
Lemos textos além dos que estão nos livros, escritos. Explico que na leitura, o importante não é o texto, mas a relação com o texto. E essa relação tem uma condição essencial: que não seja de apropriação, mas de escuta. Costumo sempre partir do conhecimento prévio do aluno, o que ele compreende, partilhar os conhecimentos.
O texto é uma unidade de sentido, onde múltiplas partes falam de modo coeso. São fios que tecem uma trama. O texto tem conteúdo, expressão e forma. É preciso ver como o texto mostra e o que mostra. A imagem é o texto e ela me diz algo por que tem estruturação, porque se estrutura como uma linguagem que relaciona expressão, conteúdo, contexto. Todo texto é produzido num contexto e tem intenções comunicativas.

Diante de qualquer situação de leitura, mesmo que seja o texto do livro didático, costumo instigar o contexto da produção: quem escreveu? Onde? Quando? Para quem?etc. E quando os alunos são levados a produzir, procuro não esquecer de criar a situação de produção: o que vamos escrever? Qual o gênero que mais se adequa? Para que? Quem vai ler? Onde vai circular? Etc.

No entanto, a visão de que a leitura implica necessariamente nossa capacidade de escutar (ou de ler) o que têm para nos dizer, que o mais importante nela não é o texto, mas a relação com ele, de escuta; não é uma prática muito comum nas escolas. Em sua maioria, lêem o texto (visão restrita) que está no livro didático para responder as questões ou tirar a gramática de frases do texto. Isto é, lêem por ler, sem prazer, sem valorizar a oralidade e outros conhecimentos prévios dos alunos.

Hoje temos as escolas equipadas com laboratório de informática, um campo vasto para infinitas leituras nas diferentes áreas e disciplinas, temos um multimeio com TV, DVD, até DATASHOW, livros, revistas, coleções de DVD´s da TV Escola, mas pergunte como esses recursos são aproveitados em prol de uma melhor aprendizagem?

No fundo os professores estão desatualizados, precisam buscar uma formação contínua, não esperar dos órgãos governamentais. A escola é outra, o público é outro e os conceitos e conteúdos também precisam mudar, já mudaram e muitas vezes o professor não sabe.

(Paulo Bessa, Prof. Especialista em Língua Portuguesa, coordenador da EEFM Maria de Lourdes de Oliveira).

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