quinta-feira, 3 de julho de 2008

PAIXÃO DE LER

Alunos da EEFM Maria de Lourdes Oliveira- Flores/Russas-Ce

Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles (...)que passamos em companhia de um livro preferido. (...) depois que a última página era lida, o livro tinha acabado. Era preciso parar a corrida desvairada dos olhos e da voz que seguia sem ruído, para apenas tomar fôlego, num suspiro profundo. (...) Queríamos tanto que o livro continuasse, e, se fosse possível, obter outras informações sobre todos os personagens, saber agora alguma coisa de suas vidas, empenhar a nossa em coisas que não fossem totalmente estranhas ao amor que eles nos haviam inspirados e de cujo objeto de repente sentíamos falta, não ter amado em vão, por uma hora, seres que amanhã não seriam mais que um nome numa página esquecida, num livro sem relação com a vida e sobre cujo valor nos enganamos totalmente.” PROUST, Marcel. Sobre a leitura. Campinas. Pontes, 1989

Reflexão:
QUAL A SUA LEMBRANÇA MAIS PRAZEROSA DE LEITURA?
VOCÊ GOSTA DE LER? O QUE?
COMO FAZER NOSSO ALUNOS SE APAIXONAR PELOS LIVROS? É POSSÍVEL?
COMO NÓS NOS APAIXONAMOS PELOS LIVROS?
COMO A LEITURA SE TRANSFORMOU EM UMA ATIVIDADE TÃO ESSENCIAL PARA NÓS?

QUANTO AS LEMBRANÇAS DE LEITURAS...

n POSITIVAS: Estão associadas ao prazer e à felicidade;A medida que crescemos e continuamos tendo experiências positivas de leitura, aprendemos que o universo ficcional pode ser não só um refúgio importante para as adversidades da vida, mas principalmente um espaço de reflexão e de descoberta, no qual aprendemos a lidar com essas adversidades. O resultado da leitura, portanto, permanece associado a sentimentos positivos como a alegria, a esperança ou o alívio trazidos pela ficção;
n NEGATIVAS: Leitura por obrigação, normalmente associada a atividade escolar e práticas não prazerosas: provas de verificação, relatórios, resumos, fichas de leituras.

É POSSÍVEL CONCILIAR A IDEÍA DE LER POR OBRIGAÇÃO COM A DE LER POR PAIXÃO?

É uma tarefa difícil... O que fazer então?
Reconhecer os diferentes objetivos associados às aulas de literatura no Ensino Médio.
Ajudar os alunos a descobrir o universo dos livros como espaço mágico, lúdico e de prazer;
Propor o contato com um importante repertório artístico e cultural criado pelos seres humanos ao longo de sua trajetória;
Colocar a disposição dos alunos conceitos e informações que os ajudem a compreender o contexto discursivo em que um determinado texto foi escrito para, assim, terem condições de atribuir sentido ao que lêem, mesmo que séculos separem o momento de leitura do momento de criação de um texto.

O LIVRO

É uma extensão e alimento da nossa memória e imaginação.Expande a nossa memória e abre-nos as portas para o passado quando buscamos um texto para resgatar informações sobre o contexto estético, cultural, social e político em que foi escrito.

“Precisamos formar leitores que escolham autonomamente os livros a serem lidos, eventualmente abandonados ou relidos; como também a formação de um leitor de textos literários.”

Fonte:
ABAURRE, M. L. M; PONTARA, M. Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna.Prefácio (p.4-7)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

PEREGRINOS DO SI

TESTE: NECESSITO AUTODESCOBRIR-ME?:

Faz-se imprescindíveis alguns requisitos para que seja logrado o autodescobrimento com a finalidade de bem-estar e de logros plenos, a saber. Assinale àquele(s) com a(s) qual(is) se identifica:
Ø Insatisfação pelo que é, ou se possui, ou como se encontra;
Ø Desejo sincero de mudança;
Ø Persistência no tentame;
Ø Disposição para aceitar-se e ver-se;
Ø Capacidade para crescer emocionalmente. Se você se vê em alguns destes pré-requisitos acima citados, necessita com urgência iniciar o processo de auto conhecer-se. Força e coragem, porque é uma viagem longa, cujo fim é a plenitude do ser, a auto-realização, a descoberta do outro em si, do Deus ou Deusa em nós.

O AUTODESCOBRIMENTO: QUANDO SE TORNA NECESSÁRIO?

Por que não nos conhecemos somos vitimados de heranças ancestrais – de outras encarnações -, de castrações domésticas, de fobias que prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico e outros, permanecemos fragilizado, susceptível aos estímulos negativos, por falta da auto-estima, do auto-respeito, dominado pelos complexos de inferioridade e pela timidez, refugiando-nos na insegurança e padecendo aflições perfeitamente superáveis, que nos cumpre ultrapassar mediante cuidadoso programa de discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho em vivenciá-lo.
O autodescobrimento, em uma panorâmica racional, torna-se inadiável, a fim de favorecer a recuperação, quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores intrínsecos latentes. Enquanto não nos conscientizarmos das nossas próprias possibilidades, ficaremos aturdidos em conflitos de natureza destrutiva, ou fugiremos especularmente para estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária ordem, que nos dominam e inviabilizam a nossa evolução, pelo menos momentaneamente. A experiência do autodescobrimento faculta-nos identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e a falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão. (Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Joanna de Angelis in Autodescobrimento: Uma busca interior)

Reflexão: Que tipos de conflitos nos afligem? Quando fugimos para estados depressivos e por quê? Que psicoses são comuns em nós? Que aspirações nossas são verdadeiras e quais são falsas?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO SE SOMAM


Trechos extraídos do relatório das oficinas realizadas com professores da rede pública dos municípios de Fortim/Ce (setembro/2007), Palhano (Janeiro/2008) e Jaguaruana/Ce (maio de 2008).

Dividimos o total de participantes da formação de professores, Fortim/Ce em setembro de 2008, em 5 grupos: jornalísticos, literários, instrucional, humorísticos e publicitários. Cada grupo recebeu um trecho da entrevista com a Magda Soares: Letrar é mais que Alfabetizar – disponível no site: http://escrevendo.cenpec.org.br - para retirar as idéias principais e apresentar através de um gênero textual pré-determinado.
Obs.: Esta metodologia pode ser utilizada para trabalhar qualquer assunto/tema de estudo/aula e diferentes gêneros.

Vejamos algumas produções:

Carta

Palhano, 28 de janeiro de 2008

Cara amiga coordenadora,

Dado o início do ano letivo, o grupo de professores do nosso município em parceria com a Secretaria de Educação realiza neste período a semana pedagógica.
Diante da preocupação em melhorar a qualidade do ensino, o município aderiu ao Programa do Governo Federal: “Escrevendo o Futuro” através da participação na I Olimpíada Brasileira de Leitura e para efetiva-lo durante dois dias estamos nos preparando para a aplicação em sala.
Hoje compreendemos que alfabetização e letramento se somam, isto é, não há alfabetização sem que o aluno tenha uma leitura de mundo, leitura esta que inicia-se a partir do contato da criança com o mundo letrado fora da escola.
Sabendo que você já participa do programa, esperamos que possa nos ajudar na troca de experiência e nas possíveis dificuldades que possamos ter no decorrer do processo.
Um abraço!
Grupo de Professores de Palhano/Ce

Jaguaruana-Ce, 08 de maio de 2008.

“Senhores professores,
Tendo em vista a importância do processo de aprendizagem de leitura e escrita, queremos apresentar a contribuição da alfabetização e do letramento para sua aquisição.
Devemos ressaltar que alfabetização e letramento são conceitos distintos, mas que caminham lado a lado. Alfabetização é a aquisição da codificação dos fonemas e decodificação dos grafemas, na qual a criança se apropria do sistema alfabético. Já o letramento é o conhecimento da variedade de gêneros textuais, reconhecendo a importância de cada tipo, os contextos e as circunstâncias de utilização no meio social em que circulam.
Temos que compreender que a criança já traz consigo uma bagagem de conhecimentos (experiências vividas) com suas particularidades, dizeres e práticas reais de leituras. Cabe aos professores aproveitar e trabalhar essas diversidades dentro das potencialidades e dos limites de cada aluno.
Nós como educadores devemos criar oportunidades de produções textuais, com temáticas relevantes as realidades dos educandos a fim de que se tornem formadores de opiniões.
Agradecemos a atenção
GTI – Grupo de Professores PRO LETRAMENTO
(Jaguaruana/Ce)

Letramento e Alfabetização

Amigos caros ouvintes
Pedimos vossa atenção
Agora vamos falar
Da alfabetização
Falaremos no momento
Também sobre letramento
E quando os dois se dão.

O letramento se dá
Quando a criança é pequena
Quanto maior é a oferta
De recursos, vale apena
Seja escrita ou leitura
A pequena criatura
Fácil,fácil se antena.

Apesar de ser pequena
Ela vai reconhecendo
O sistema da escrita
Olhe o que estamos dizendo
Cabe a educação
Seja infantil ou não
Saber o que está fazendo

Logo nos primeiros anos
De escola da criança
Acontece o letramento
Guarde isso na lebrança
Nos anos seguintes tem
O letramento também
E com tudo ela avança

A escolarização
Contribui até demais
Para que o indivíduo
Seja, contudo, capaz
De cada dia aprender
A letrar-se pode crer
Menino, moça e rapaz.

Em qualquer das disciplinas
O letramento se dá
Só precisa o professor
Do seu aluno cobrar
Não é só em português
Enganou-se dessa vez
Quem assim veio pensar.

Seja aula de História
Ou na de geografia
Ou mesmo de Matemática
Ciências, no dia a dia
É certo que o professor
Deve ser reconhecedor
E do aluno seu guia.

Esperamos ter passado
Ao público informação
Pra vocês aqui presentes
Colegas de profissão
A vocês nosso obrigado
Ah! O letramento é ligado
A alfabetização. (Professores Jaguaruana/Ce)

Letramento: Um processo sem fim

Ainda quando criancinha
O letramento começa a aflorar
É a necessidade de entender
Tudo ao seu redor
O que há.

Ricas ou pobres
As crianças precisam estudar
Pois o processo de letramento
Durante toda a vida
Deve continuar.

Dentro da escola
As crianças vão
O processo de letramento organizar
Pois é fora dela
Que tudo deve começar.

E não é só do professor de Português
A obrigação de alfabetizar
É dever de todos os professores
Com o processo de letramento colaborar.

Que bonito e legal
É com música trabalhar
Não esquecendo sua melodia
Para um melhor entendimento escolar.

O esquecimento da literatura
Não se deve ignorar
Pois é necessário
O conhecimento secular
De ilustres como Raquel de Queiroz
A José de Alencar.

Em vez dos literários
Outros textos
Tomaram o seu lugar
Bulas de remédios
Rótulos de produtos
Estão a dominar
O processo de letramento escolar. (Professores Fortim/Ce)

O Processo de Letramento

As crianças desde cedo
Começam a perceber
Que a leitura e a escrita
Fazem parte do saber

A escola é continuidade
De ensino e aprendizagem
E do seio familiar
Já trazem essa bagagem

O processo de letramento
Ocorre em toda escolaridade
Por isso é um dos assuntos
Discutido na atualidade.

Em todas as disciplinas
Ocorre o processo de letramento
Mas é preciso que os professores
Também tenham conhecimento.

Trecho do Texto de Opinião:
Em nossa opinião não devemos trabalhar separadamente alfabetização e letramento, pois um complementa o outro. Entendemos que alfabetizar está para o lado mecânico e o letramento é quando se fazem as duas aprendizagens ao mesmo tempo: ler e escrever e entender o que se produziu. Trabalhando o letramento na sala de aula os alunos terão possibilidades de exercitar as práticas de leitura do nosso cotidiano. Ex: convite, bilhete, carta, etc. Dessa forma, entendemos que alfabetização e letramento dão suportes para que os alunos se tornem cidadãos críticos, participativos e atuantes na sociedade em que vivemos. (Professores Fortim/Ce)

Cartaz:

“Ler e escrever todos têm que saber!
Participe do Encontro sobre Letramento e Alfabetização!
O futuro é você, professor!
Local: NIT Fortim/Ce Dia: 24-09-2007”




terça-feira, 3 de junho de 2008

TIPOLOGIA TEXTUAL: GÊNEROS ESCRITOS NA SALA DE AULA

De antemão é importante colocar que não existe uma tipologia única, sistemática e explícita; ao contrário, nos diferentes trabalhos referentes ao tema, podemos encontrar uma diversidade de classificações que levam em conta diferentes critérios: funções da linguagem, intencionalidade do emissor, prosa de base, traços lingüísticos ou estruturais, efeitos pragmáticos, variedades da linguagem, recursos estilísticos e retóricos, etc. (Bernardez, 1987).
Em geral, a necessidade de estabelecer tipologias claras e concisas obedece, fundamentalmente, á intenção de facilitar a produção e a interpretação de todos os textos que circulam em um determinado ambiente social. Vamos aqui apresentar uma proposta de KAUFMAN & RODRIGUEZ (1995), por ser uma classificação simples e coerente que vai permitir ao professor operar com os textos no ambiente escolar. Levou-se em consideração os gêneros escritos, de uso freqüente na sociedade, e que devem adentrar a escola devido à importância que têm para melhorar a competência comunicativa dos alunos.

Público-Alvo: Professores de Língua Portuguesa Ensino Fundamental e Ensino Médio
Ou alunos do Ensino Médio
Obs.: O professor pode adaptar para alunos do 6º ao 9º ano ao diminuir a diversidade de gêneros apresentados aqui.
Tempo Previsto: 4 h/a

1º PASSO: Levar revistas e jornais e pedir aos participantes que recortem um texto e colar em um papel duplex.

Em seguida perguntar: Que texto é esse? Se o participante responder: - Notícia! Você indaga: - Por que é uma notícia? E assim sucessivamente. Fixar no quadro um a um os textos pesquisados e escreve-se com giz o que o participante achou que seja o texto. Depois de todos apresentarem o instrutor pergunta: - Podemos agrupá-los? E os professores são convidados a fazerem os grupos de textos. – Por que estão agrupados assim? Deixa este material no quadro e passa para o segundo momento. Importante salientar que não existe erro/ acerto neste momento. Ele serve para explosão de idéias, investigar o conhecimento prévio e despertar o interesse dos participantes.

2º PASSO: Roda de Conversa para perceber o que os participantes sabem sobre o texto, o que são gêneros textuais e por que trabalhar com gêneros textuais.

Conforme material impresso do Programa Escrevendo o Futuro (2008), gênero significa “família, grupo”, podemos dizer que são família, grupos de textos, orais ou escritos, que têm origens próximas e são ligados entre si por pertencerem a uma mesma área de conhecimento e ocorrerem em situações de comunicação semelhantes.

Por exemplo, jornalísticos (notícia, reportagem, editorial, etc.), jurídicos (leis, contratos, estatuto, etc), literários ( romance, poema, conto, etc.) e assim por diante.
Podemos dizer que seu número é infinito, pois cada uma dessas formas de linguagem decorre das diversas e diferentes situações de comunicação (ou situações de produção de linguagem) que vivemos no cotidiano, sejam elas informais ou formais.
Muito dos gêneros que utilizamos são aprendidos informalmente nas relações sociais mais próximas. Outros, porém, exigem ensino sistematizado para serem aprendido. Alerta Bakhtin(2003), que “não se deve, de modo algum, minimizar a extrema heterogeneidade dos gêneros discursivos e a dificuldade daí advinda de definir a natureza geral do enunciado”. Segundo Bakhtin é importância atentar para a diferença
essencial entre os gêneros discursivos primários (simples) – determinados tipos de diálogo oral – de salão íntimo, de círculos, familiar-cotidiano, sociopolítico, filosófico, etc.), e escritos - carta privada, etc. e os secundários (complexos) – romances, dramas, pesquisas científicas de toda espécie, os grandes gêneros publicísticos, etc. – surgem nas condições de um convívio cultural mais complexo e relativamente muito desenvolvido e organizado (predominantemente o escrito) – artístico, científico, sóciopolítico, etc.
Logo, a escola é responsável pelo ensino sistematizado de gêneros mais formais, isto é, secundários.
Este momento pode ser fechado com uma exposição dialogada usando recursos multimídias: datashow, retroprojetor, vídeo, etc.

3º PASSO: Espalhar as palavras abaixo em tarjetas de duas cores diferentes (o grupo e os gêneros do grupo) separando um a um conforme esta classificação sugerida KAUFMAN & RODRIGUEZ (1995):

1. LITERÁRIOS: CONTO/NOVELA/OBRA TEATRAL/POEMA/ MEMÓRIA
2.JORNALÍSTICOS: ARTIGO DE OPINIÃO/ NOTÍCIA/REPORTAGEM/ENTREVISTA
3.INFORMAÇÃO CIENTÍFICA: DEFINIÇÃO/ NOTA DE ENCICLOPÉDIA / RELATO DE EXPERIMENTO CIENTÍFICO/ MONOGRAFIA/ BIOGRAFIA/ RELATO HISTÓRICO
4.INSTRUCIONAIS: RECEITA / INSTRUTIVO
5.EPISTOLARES: CARTA / SOLICITAÇÃO
6.HUMORÍSTICOS: HISTÓRIA EM QUADRINHOS/ PIADA
7.PUBLICITÁRIOS: AVISO / FOLHETO / CARTAZ

Para cada gênero o facilitador pesquisa com antecedência em diferentes fontes, internet, revista, jornais, etc, um exemplo de cada e fixa no papel duplex. Já para o professor-participante sugerimos que levem seus alunos para o laboratório de informática para pesquisarem e busquem também em outras fontes, tais como livros, revistas, jornais, enciclopédias, etc.

4º PASSO: Pedir aos participantes que peguem uma tarjeta ou um texto e em seguida cada participante vai procurar seu par, por exemplo, o texto piada com o seu respectivo nome, o cartaz com a palavra cartaz, e assim sucessivamente. É como um quebra cabeça! Quem pegou a tarjeta com a palavra “literários”, por exemplo, irá perceber na interação que sua família é a do conto, novela, etc. Por que são literários? O facilitador vai sempre indagando, ouvindo os participantes e acrescentando. A cada um que vai colocando seu texto no painel, deve-se perguntar: por que um poema é um poema? Por que um conto é um conto? Qual a diferença entre um conto e uma novela? Por que estão no mesmo grupo? Por que são literários? Não há a necessidade de definir um a um e caracteriza-los, porque este é um momento de motivação para adentrar a cada um destes gêneros subseqüentes, ou neste caso despertar o professor para estudar e pesquisar as características específicas de cada grupo de gêneros e cada gênero particularmente.

5º PASSO: Características dos Gêneros:

Sugerimos que estas características específicas de cada gênero sejam revistas na forma de um jogo didático. Divide-se a turma em dois grupos ou quatro e conforme acerta o gênero após a leitura das respectivas características (pelo facilitador) ganha um ponto. Ganha o jogo que acertar mais gêneros.

1.JORNALÍSTICO: Denominados assim em função do seu portador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no momento em que acontecem. São agrupados em diferentes seções.

1.1. Entrevista: Conversacional. Informa sobre determinado tema. Recorre ao testemunho de alguém;
1.2. Artigo de Opinião: Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atualidade. Ponto de vista;
1.3. Reportagem: Informação. Transmite detalhes sobre acontecimentos, objetos ou pessoas. Partes: manchete, introdução e desenvolvimento;
1.4. Notícia: é redigida em 3ª pessoa. Objetividade e veridicidade. Somente apresenta os dados;

2.LITERÁRIO: Privilegiam a mensagem pela própria mensagem. Interesse primordial com os recursos estéticos. Joga-se com os recursos lingüísticos. Exigem que o leitor compartilhe do jogo da imaginação para captar o sentido de coisas não ditas, de ações inexplicáveis, de sentimentos não expressos.

2.1. Conto: É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de vários momentos: equilíbrio inicial, uma força intervém, conflito, resolução e recuperação do equilíbrio;
2.2. Novela: É semelhante ao conto, mas tem mais capítulos, mais complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos;
2.3. Poema: Privilegiam a mensagem pela mensagem. Neles, interessa primordialmente como se combinam de acordo com os padrões estéticos, os diferentes elementos da língua, para dar uma impressão de beleza. Função Emotiva. Musicalidade. Geralmente em verso. Agrupamento em estrofe. Rima e verso;
2.4. Obra teatral: Vai tecendo diferentes histórias, diversos conflitos, interação lingüística das personagens. Pode ser monólogo. Elas são construídas para serem representadas. São organizadas por atos, cenas.

3.HUMORÍSTICO: Têm como intenção primordial provocar o riso mediante recursos lingüísticos e/ou icnográficos que alteram ou quebram a ordem natural dos fatos ou acontecimentos, ou que deformam as características das personagens.

3.1. História em Quadrinho: Trama narrativa com base icônica. Combina a imagem plana com o texto escrito. Humor. Cômica. Busca a participação ativa do leitor por via emocional, assistemática, anedótica, concreta.
3.2. Piada: Tem como intenção primordial, provocar o riso mediante recursos lingüísticos e/ou iconográficos: zombaria, ironia, a sátira, caricatura, charge, etc.

4.INSTRUCIONAL: Dão orientações precisas para a realização das mais diversas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou animais domésticos, usar uma aparelho eletrônico, consertar um carro, etc.

4.1. Instruções: Dão orientações precisas para a realização das mais diversas atividades, tais como jogar, preparar uma comida, usar um aparelho doméstico;
4.2. Receita: Contém lista de elementos a serem utilizados, o modo de fazer, etc. Verbos no imperativo.

5.PUBLICITÁRIO: Estes textos estão estreitamente relacionados com as expectativas e as preocupações da comunidade, são os indicadores típicos da sociedade de consumo. Procura transformar aquilo que oferece em objeto de desejo.

5.1. Anúncio: Aparece em jornais , revistas, cartazes, folhetos de publicidade, etc. Frequentemente conjuga o verbal com o icônico em uma relação de complementariedade que amplia o significado deste tipo de texto.
5.2. Cartaz: Objetiva criar no receptor a necessidade de adquirir um produto, visitar um lugar, divulgar um evento: festa, reunião, etc. Normalmente deparamos com ele nas ruas, casas comerciais, etc. Textos breves sobre cartolinas, em papéis de grandes medidas.
5.3. Folheto: Textos breves para promover um lugar, um produto, uma atividade. Relevância nas sociedades de consumo. Função apelativa. Circula de mão em mão. Tem no tríptico seu formato mais freqüente.

6. EPISTOLARES: Procuram estabelecer uma comunicação por escrito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeçalho.

6.1. A carta: Familiar. O autor conta a um parente ou a um amigo eventos particulares de sua vida. Estrutura: cabeçalho, dados do destinatário, corpo e a despedida.
6.2. A solicitação: É dirigida a um receptor que tem autoridade para outorgar algo que é valioso pelo emissor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc. Linguagem formal.

7. INFORMAÇÃO CIENTÍFICA: Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ciências em geral. O vocábulo é preciso.

7.1. A definição: Incluída no dicionário, seu portador mais qualificado. Apresenta os traços essenciais daqueles a que se referem. Contém também informações complementares.
7.2. A Nota de Enciclopédia: Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de trama descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela amplitude desta expansão.
7.3. O Relato de Experimentos: Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos que descrevem experimentos.
7.4. A monografia: Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre um determinado tema é recolhida em diferentes fontes. São realizados com base em consultas bibliográficas, dados, testemunhos, etc.
7.5. Biografia: é uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s) pessoa(s).

6º PASSO: Avaliação

Os participantes voltam a observar os textos que foram pesquisados e estão no quadro e verificam se classificaram corretamente seu gênero, caso não esteja concerta-se e vai organizando o painel, e isto vai acontecendo de forma coletiva. Os gêneros que não foram vistos separa-se e no final propõem que pesquisem na internet ou outros suportes estes gêneros desconhecidos.
Após ter vivido a oficina sugerida acima sobre tipologia textual, espera-se que os participantes estejam mais motivados e preparados para conhecerem e ampliarem seus conhecimentos sobre os gêneros específicos, conforme o currículo da escola e conteúdo programático de cada série.

Referencias Bibliográficas:

BAKHTIN, Michail Os Gêneros do Discurso. In: BAKHTIN, M Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 261-306

KAUFMAN, Ana Maria & RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, Leitura e Produção de Textos. Artes Médicas, Porto Alegre, 1995.

sábado, 31 de maio de 2008

EXPERIÊNCIAS DOS PROFESSORES COM LEITURA E ESCRITA

O encontro de formação de formadores para o Programa escrevendo o Futuro cujo objetivo principal era apresentar o material do Programa e sua metodologia, navegar e usufruir da comunidades virtual e da sala de professores no site (www.escrevendo.cenpec.gov.br) , possibilitar a reflexão sobre os conceitos de letramento e alfabetização e disseminar, enfim, o conhecimento sobre gêneros textuais, teve início com o credenciamento dos participantes e palavras de abertura e boas vindas da técnica Iraíde da Secretaria Municipal de Educação do Fortim.
Como professor formador do Programa Escrevendo o Futuro no Ceará, aproveitando a oficina 1sobre letramento e alfabetização, disponível no site do programa escrevendo o futuro (www.escrevendo.cenpec.gov.br), iniciamos o encontro recordando algumas cantigas infantis, brincadeiras de roda, quadras e em seguida pedimos que os participantes registrassem através de desenho e/ou palavras suas lembranças de como aprenderam a ler e escrever:Como foi sua experiência inicial com leitura e escrita? Se deu na ou fora da escola, centrada no código ou situação social?
Apenas um professor(a) disse que sua experiência não foi centrada no código, ao afirmar que ao olhar e depois lê revistas de gibi:

“Estudava em uma escola particular e tinha muita dificuldade para ler. Neste período minha família mudou de bairro e próximo a nossa casa tinha uma escola pública onde minha mãe decidiu fazer uma tentativa e deu certo. Nesta experiência ficou registrado que as revistas de gibi me ajudaram muito, passava horas e horas tentando juntar as letras e formar palavras.”

Os demais, mesmo quando diziam que aprenderam a ler fora da escola, a situação de aprendizagem era centrada no código. Falou-se muito em Cartilha do ABC; palmatória; brincadeiras de escrever debaixo de árvores; ensino em casa pelo pela mãe, lição ao pé do birô; rabiscando as vogais com graveto no chão, em músicas com abecedário, etc.
Alguns professores não têm boas recordações desta época e desenharam caminhos cheio de espinhos para ilustrar, devido a rigidez, a pressão, ao castigo.

“Eu aprendi a pronunciar a seqüência do alfabeto através de uma música, num colégio de freiras muito rígido por sinal., um educandário.”

Fechamos este momento fiz uma explanação colocando que é preciso superar antigas concepções e fazendo uma leitura oral do texto: Foram muitos os professores, indagando no final: Quem foram os professores que influenciaram o autor na aquisição da leitura e da escrita? Onde ele aprendeu? Como? Observamos o painel comparando a experiência dos participantes com a do autor do texto. Foi um momento de debate muito rico e prazeroso. Em seguida eles receberam o texto de Magda Soares A Reinvenção da Alfabetização e fizemos uma leitura paragrafada, com pausas e reflexões coletivas. E os mesmos passaram a compreender que alfabetização e letramento são duas vias que se complementam, uma não elimina a outra.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A LEITURA E PRODUÇÃO DE DIFERENTES GÊNEROS

Oficina: Tipologia Textual, com professores da EEFM
Maria de Lourdes de Oliveira (maio/2008)


Por ter uma formação deficiente e por conseguinte uma concepção restrita de leitura, muitos professores terminam por exercer uma prática limitada de leitura e produção na sala de aula. Vêem todos os textos iguais desconsiderando suas especificidades e intenções.
Professores de outras áreas que não a de linguagens, principalmente a das ciências da natureza, e de outras disciplinas que não a de língua portuguesa, acham que a tarefa de ensinar a ler, tornar-se um leitor proeficiente, é apenas do professor de Língua Portuguesa. E isso é um grande equívoco, tendo em vista que a nossa língua é interdisciplinar, não tem porque ensinar em nosso País se não a partir de nossa língua.
Observo que as práticas com leitura e escrita pouco mudaram apesar das diversas teorias que tratam do letramento, da necessidade e importância de trabalhar com gêneros que circulam socialmente, da evolução da lingüística textual, etc. Em sua maioria, os professores, lêem os textos do livro didático, ou coletivamente ou individual. Em seguida vão resolver as questão propostas no tópico “interpretação do texto”, traz outro tópico “gramática” e assim termina o estudo do texto. Poucos dão continuidade na busca de perceber o gênero, as características do texto, se é uma narrativa, poesia,etc . e porque é o que é, onde circula...Infelizmente há uma acomodação ou será desinformação?
Mas, aos poucos as coisas vão melhorando. Adotamos neste ano a coleção “Tudo é Linguagem” (6º ao 9º ano) em que são introduzidos “a língua e a diversidade cultural”, “a língua origens e influências”, “a língua e as transformações do tempo” e “a língua na sociedade da informação”. A proposta é que a cada mês se tenha noção de um gênero: conto, crônica, relato, poema, opinião, entrevista, etc. Como projeto da escola como um todo, tendo da nossa proposta de leitura, cada turma estuda um gênero específico que culminará em saral, exposição, festivais, etc. No Ensino Médio os 1º anos : POESIA, 2ºos anos: CONTO e 3º anos: ARTIGO DE OPINIÃO. Buscando superar tais limitações promovemos formação continuada nos encontros coletivos, discutimos o currículo e buscamos novas práticas.
Antes de tudo é preciso que os professores sintam a necessidade de formação permanente e ficar atento as novas tendências e assuntos necessários no currículo. Mas sabemos que inovar, mudar práticas culturais ancestrais é difícil. Para que todos trabalhem com gêneros, a escola e os mesmos já estão escritos na Olimpíada Brasileira de Leitura que trabalha os Gêneros: Memória, Poesia e Opinião.

(SALGADO, P.S. B, especialista Língua Portuguesa, Gestão Escolar e Coordenador pedagógico da EEFM Maria de Lourdes de Oliveira – Flores- Russas/Ce)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

PRODUÇÃO DE TEXTO NA SALA DE AULA

Nas minha prática como professor formador de professores em que busco entrelaçar as disciplinas da Área de Linguagens e Códigos, principalmente a Língua Portuguesa e a Arte, costumo colocá-los para ler imagens (leitura semiótica), o que ela mostra e como ela mostra, atribuir-lhe um significado, estabelecer uma relação de produção de sentido.

Observamos as imagens e os textos audiovisuais nos mais diferentes suportes. Procuro sempre passar um conceito amplo de leitura. Penso que tudo que nos cerca pode ser considerado um texto: as pessoas, os acontecimentos, os objetos, as imagens, as obras de arte, a igreja, o filme, a natureza, etc. Devemos ver tudo como se quisesse nos dizer algo. É como diz Bakhtin (1997) “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, por algum texto.”
Lemos textos além dos que estão nos livros, escritos. Explico que na leitura, o importante não é o texto, mas a relação com o texto. E essa relação tem uma condição essencial: que não seja de apropriação, mas de escuta. Costumo sempre partir do conhecimento prévio do aluno, o que ele compreende, partilhar os conhecimentos.
O texto é uma unidade de sentido, onde múltiplas partes falam de modo coeso. São fios que tecem uma trama. O texto tem conteúdo, expressão e forma. É preciso ver como o texto mostra e o que mostra. A imagem é o texto e ela me diz algo por que tem estruturação, porque se estrutura como uma linguagem que relaciona expressão, conteúdo, contexto. Todo texto é produzido num contexto e tem intenções comunicativas.

Diante de qualquer situação de leitura, mesmo que seja o texto do livro didático, costumo instigar o contexto da produção: quem escreveu? Onde? Quando? Para quem?etc. E quando os alunos são levados a produzir, procuro não esquecer de criar a situação de produção: o que vamos escrever? Qual o gênero que mais se adequa? Para que? Quem vai ler? Onde vai circular? Etc.

No entanto, a visão de que a leitura implica necessariamente nossa capacidade de escutar (ou de ler) o que têm para nos dizer, que o mais importante nela não é o texto, mas a relação com ele, de escuta; não é uma prática muito comum nas escolas. Em sua maioria, lêem o texto (visão restrita) que está no livro didático para responder as questões ou tirar a gramática de frases do texto. Isto é, lêem por ler, sem prazer, sem valorizar a oralidade e outros conhecimentos prévios dos alunos.

Hoje temos as escolas equipadas com laboratório de informática, um campo vasto para infinitas leituras nas diferentes áreas e disciplinas, temos um multimeio com TV, DVD, até DATASHOW, livros, revistas, coleções de DVD´s da TV Escola, mas pergunte como esses recursos são aproveitados em prol de uma melhor aprendizagem?

No fundo os professores estão desatualizados, precisam buscar uma formação contínua, não esperar dos órgãos governamentais. A escola é outra, o público é outro e os conceitos e conteúdos também precisam mudar, já mudaram e muitas vezes o professor não sabe.

(Paulo Bessa, Prof. Especialista em Língua Portuguesa, coordenador da EEFM Maria de Lourdes de Oliveira).

DICAS DE SITES QUE TRATAM DA NOSSA LÍNGUA

1. www.edukbr.com.br - Orienta sobre o plano de aula, traz projetos e experiências pedagógias e você pode cadastrar sua escola e socializar seus projetos.
2. www.ulbra.br/letras - Oferece várias opções para navegar como Academia Brasileira de Letras, História Literária, Literatura Brasileira. O bom é que você pode também interagir com poemas e poetas.
3.www2.uol.com.br/aprendiz/n-licao/port/index.htm - Encontramos curiosidades sobre nossa língua portuguesa, regras gramaticais, além de dicas de estudo e de redaçã.
4. www.conjuga-me.net - mostra programa de conjugação de verbos partindo do infinitivo, verbosregulares, irregulares, etc.
5. www.meudicionario.com.br - site só de dicionários em todas as línguas, onde podemos buscar palavras, traduzir, traz também links sobre notícias, jornalismo. traz ainda ortografia, morfologia, sintaxe, expansão da língua portuguesa, etc.
6. www.brazilianportugues.com/index.phd - encontramos diversos assuntos como partes dagramática estruturalista, dicas de como estudar, tira dúvidas, etc. muito bom!